quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Poema ligeiro

No bordel da vida
nasci com um coração
que nem encaixa no peito
que transborda na mão
e nem vermelho é!

Vem-se com ele equipado.
Fosse antes um pulmão,
saca-rolhas acoplado
ou um punhado de fé
em pó, em barra, para

os momentos decisivos
que são muitos, variados.
Fosse um fígado reserva
para o decolar da semana
ou de reserva, um feriado.

Seria mais justo, mais são,
meio kilo de coragem,
radinho contra solidão,
receita de bolo de cenoura.
Dispositivo mais precisado:

chiclete, pente, vassoura
para varrer o passado;
para selecioná-lo, tesoura.
Imagem de santo com oração.
Mas coração, tem mais enjoado?