domingo, 9 de agosto de 2009

Limoeiro


Para o tio e pintor Gene

O limoeiro espreguiça-se no quintal
Da porta aberta poderia-se vê-lo
Não fosse ainda muito cedo.

Apesar disso, é verão
Que chegou pontualmente
Como deve ser.
E o calor já transborda no fresco da manhã

Quem fechasse os olhos
Naquele átimo
Poderia mesmo escutá-lo
O estalar dos braços
O crepitar dos dedos
Poderia até ver
A euforia das formigas
Preocupadas com o estremecer do chão
No esticar das pernas

Olhou então pela janela escancarada
Porque era lá que primeiro se via a família
Anunciada quase infalivelmente
Pelo cheiro do café

Inspirou profundo e satisfeito
(para quem escutasse)
Parecia talvez uma oração
Quase inapreensível
Para que todos acordem bem
E o dia corra tranquilo
Como deve ser
Porque é verão
Embora ainda seja muito cedo.


10 comentários:

  1. Não é muito cedo prá dizer que vc tem tino de poesia. "Euforia das formigas" me deixou eufórico, e essas estrofes...
    ah, essas estrofes...
    Continue poetando, Brunão!

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  2. Bruno, cadê você? Quero novidades, sempre novas coisas!

    Vim aqui te cobrar, já vai fazer um mês...

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  3. Um olhar sensível sobre a natureza, esse milagre secreto tão sútil... Parece que sinto o cheiro de limão e café.
    Lindo!

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  4. sinto falta da imagem, muito embora a poesia apenas já me baste para enxergá-la.

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  5. Tenho duas plantas na minha janela e desde que li este poema parece que as vejo espreguiçar-se todas as manhãs... lindo

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  6. "Si la vida te dio limones... pide tequila y sal."

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Bruno, por onde vc anda que não escrve?
    Faço minhas as suas palavras: tem que escrever um livro inteiro.
    Por favor, nos presenteie mais vezes...

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  9. "Limoeiro...espreguiça-se no quintal..."
    Lindo!!! Muito lindo...
    Abraço grande meu amigo...

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